sábado, 27 de julho de 2013

50 VEZES


 
    Várias perguntas na cabeça, procura pela inspiração, acordar 1 hora mais cedo pra pensar e conversar com meus botões na viagem de ônibus um pouco antes de começar. Primeira aula do semestre + primeira aula do primeiro nível de Inglês do curso. Ou seja, o Básico 1 caiu para a teacher Scarlett.
    Acho curioso que justo hoje eu esteja postando pela 50ª vez porque isso me faz pensar também que com certeza entrei mais do que 50 vezes em uma sala de aula em início de semestre. Mas se não bastasse ser o começo do semestre, para os meus alunos, aquilo foi o começo do começo. "Era uma vez o dia em que eu comecei a estudar Inglês...". Será que vou fazer parte dessa história?
    Ensinar Básico 1 pode ser a coisa mais frustrante e mais gratificante do mundo. Eu gostaria, de verdade, que dessa vez seja "A" experiência para mim. Pensar que eu posso ser aquela pessoa que contribui para dar o puxão definidor de libertação de um mundo monolingue preto e branco para um mundo bilingue colorido e em 3D que esses alunos vão experimentar. Daí a grande responsabilidade, daí a minha auto pressão para que fosse uma aula significativa e que definisse futuros. Essa poderia simplesmente ser a primeira aula de um dos vários cursos que esses alunos fizeram, fazem ou ainda virão a fazer. Mas também poderia ser a porta de entrada para um novo mundo se abrindo em frente a eles mesmo que... eu esteja cumprindo um papel que já treinei 49 vezes.

PERGUNTA: Qual pode ser sua contribuição como professor na primeira aula de Inglês de seus alunos? (Obs.: Receitas mágicas são muito bem-vindas!)

domingo, 14 de julho de 2013

SEMESTRE DO BALANÇO

     

    

      O que eu acreditava ser o mês do balanço talvez venha a ser o semestre do balanço. Nessa semana que passou tive uma notícia que determinará de maneira significativa o curso desse novo semestre que está começando. Sendo um pouco otimista talvez influencie também os próximos anos.
    Meu pedido de redução de horas foi negado. Significaria voltar a trabalhar nas condições sacrificantes e frustrantes em que eu vinha trabalhando nesse semestre que passou. Significaria  --> se eu permanecesse na escola e não tivesse pedido demissão. Mas, sim, eu pedi demissão e agora, oficialmente, vou trabalhar somente umas 10 horas dando aula nesse semestre. Obviamente, são poucas as pessoas que conseguem viver confortavelmente trabalhando 10 horas por semana e por enquanto eu ainda não sou uma delas.
     Digamos que sejam 15 horas de aulas por semana. E se... nesse semestre a minha decisão for de trabalhar formalmente na posição que ainda me define: teacher por apenas 15 horas? E no resto do tempo continuar tentando encontrar as tantas outras coisas que me definem também e que eu nunca seria capaz de descobrir numa rotina de 35 horas em sala de aula por semana. Tenho que dizer que em princípio a noticia me pegou um pouco de surpresa mas não foi preciso nem mesmo conversar com meu travesseiro para sentir uma grande paz, uma sensação muito forte de que algo muito bom ainda virá. E de acordo com a lei da física, dois corpos não pode ocupar o mesmo espaço. Para o novo chegar, o velho tem que sair.

terça-feira, 9 de julho de 2013

HORA DO BALANÇO



   Provas de dois semestres atrás viram reciclagem, as várias cópias extras de exercícios são organizadas (momento acompanhado por um sentimento de culpa por contribuir no desmatamento), clipes vão sendo re-aproveitados... Isso é ritual de final de semestre e preparada para chegada de outro. Amo rituais e amo recomeços. Com todo recomeço que se preze vem também um balanço que se preze. Quais foram então as lições que eu aprendi nesse semestre? Qual é a situação da "casa" e como posso arrumá-la para que venha o que tiver que vir?
    
     Minhas conclusões:

  1. Os alunos de níveis avançados parecem estar satisfeitos em geral com as aulas. Me fez sorrir quando escuta a tal da pergunta/comentário: "Ahhhhhh então não é a professora que vai continuar no próximo semestre? Que pena!"
   2. Existe uma forma universal, curinga, que sempre funciona para agradar em todos os grupos: música. Estratégia cliché? Estratégia barata? Naaaaada. Todos curtem.
    3. Tudo encorpora um outro significado quando o fator "competição" ou "recompensa" está no meio.
   4. Creio que conseguimos fazer progresso no aspecto: aprender a aprender.
   5. Uma boa parte dos alunos não são auto-motivados. Fato. O que vai fazer diferença é a minha atitude em ignorar esse fato ou procurar encontrar algo que esteja ao meu alcance para mudar essa história.
 6. Não existe aprendizagem significativa sem relacionamento. (assistindo a uma palestra do www.ted.com)
    7. Aprendi com a minha colega professora de Espanhol que é muito mais fácil ensinar depois que você já conseguir fazer o aluno gostar de você. Dá trabalho demais conquistar alguém apenas  pela qualidade do trabalho. A empatia é um fator que produz resultado mil vezes mais rápido.
   8. Realmente é necessário entrar no universo dos adolescentes. Tentar evitar o universo deles é pura perda de tempo, é dar murro em ponta de faca.
    9. O meu estilo é um pouco mais rigoroso mas uma chance, um voto de confiança, um ato de misericórdia aqui e outro lá nunca matou ninguém.

     Termino meu balanço fechando em 9 lições. Meu número favorito é 11 mas em homenagem a uma das pessoas que mais me incentiva a escrever, fico com um número 9. E por fim, para quem não sabe, “fazer um balanço, refletir sobre os resultados” em Inglês falamos “take stock”.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

QUERIA SER UMA MOSQUINHA...

     
 

     Esses dias comentávamos uma ex-colega e eu, como seria bom se pudéssemos ser uma mosquinha na aula de outros professores. Aquela sensação de necessidade de comparar minha aula com a dos outros e até mesmo de olhar a minha aula do ponto de vista do aluno. Como eu enxergaria minha própria aula se tivesse sentada no banco do aluno e tendo tido aula com vários outros professores. Como é a minha aula? Quando trocam comentários entre si sobre os professores, fico pensando o que meus alunos falam de mim. A questão não é falar bem ou falar mal mas o que é que me define? Quem é a teacher Cali? "É aquela professora que fica vermelha por qualquer coisa...", "É aquela que manda a gente decorar uma lista de 3 páginas de verbos...". "É aquela que é um pouco mais séria..." "É aquela bem exigente...", "É aquela que dá uns exemplos engraçados...". O que me define? Qual é a minha marca registrada?
     E nesse sentido, eu sinto, sim, uma falta de poder comparar minha aula com outras. Não sou aluna já faz bastante tempo e a verdade é que às vezes tenho impressão que meu método de ensino tem sido bastante intuitivo e de certa forma, temo que um pouco aleatório. Não quero voltar às aulas em agosto sendo exatamente  a mesma teacher Cali de sempre, apenas repetindo uma técnica ou outra. Julho tem que ser um mês de lições de casa pra mim: uma busca maior de identidade. Daqui exato um mês, prestes a começar outro semestre letivo, voltaremos a ter essa conversa, tomara que com algumas descobertas.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

DESISTIR FAZ BEM PRA SAÚDE



      Às  vezes não percebemos o quanto nos escravizamos com essa enxurrada de tarefas, missões, alvos que impomos a nós mesmos. E quando você percebe que não consegue mais lembrar porque decidiu se empenhar tanto em algum projeto, é hora de repensá-lo. 

   Essa noite, sonhei que, além de todo o trabalho que eu tenho pra fazer na minha atual rotina, ainda trabalhava no meu primeiro emprego: uma padaria. Mas a única coisa que lembro desse sonho é minha mãe dizendo: "Cali, tu não precisa fazer isso. Por que ainda está trabalhando aqui?" E na mesma hora, sem pensar em mais nada, aceitei essa observação tão prontamente como eu aceitaria um pote de meio litro de sorvete. "É verdade... eu não preciso disso". Foi libertador me dar conta do nada de que talvez eu estava me auto sabotando, que tudo iria continuar dando muito certo mesmo sem aquele emprego.

   Fico pensando o quanto a vida pode continuar dando certo ou dar muito mais certo sem algumas auto-imposições que já não tem mais fundamento: aquele aluno particular que te dá mais dor de cabeça do que outra coisa, a carga horária explodindo, aquela atividade bem dinâmica que os alunos gostam mas que não vai dar tempo de preparar, o blog que você queria escrever todo dia mas que tá dando mais trabalho que o imaginado. E mais do que isso tudo, é libertador saber que tudo bem se eu desistir de ser professora por um tempo e também vai ficar tudo bem se eu desistir pra sempre também. Pensar que esse blog era pra falar sobre ensino mas às vezes penso que o último post dele um dia poderá ser pra dizer que algo como: deixei de ser teacher... por enquanto.

terça-feira, 2 de julho de 2013

HUMILDADE

 


     Nós seres humanos, seres e estares. Seres intrigantes e contraditórios. Comecemos por mim.

     Ao mesmo tempo que eu tento ser "mais eu" e não me abalar com o que os outros pensam de mim, a verdade é: quem é que mesmo realmente não se importa com o que os outros pensam de si? O que na realidade muda de uma pessoa para outra é O QUE importa. Um bom tanto de coisas incluindo: a marca da minha calça, se minhas roupas tão na moda, se a música que eu escuto é "cool", se a minha opinião é a mesma que da maioria... realmente não é fonte de preocupação para mim. Não me faz muito menos feliz saber que nem todos curtem essas características a meu respeito. Mas... a verdade é que ao mesmo tempo, sou amedrontada por alguns outros fantasmas.

     Ao sair do meu trabalho, recebo um e-mail encaminhado de uma mãe de aluna que, nessas palavras, disse estar indignada por a filha ter reprovado sem que ela tivesse sido alertada ao longo do semestre que a filha apresentava dificuldade. Disse que questionava as aulas de uma professora que reprova tantos alunos e se isso seria um sinal de que essa professora estava reprovando seu próprio trabalho. Que balde de água fria. Taí: fiquei abalada, fiquei triste, me sentindo humilhada, decepcionada e fragilizada. Pensei comigo: "não é toda opinião alheia contrária que me atinge desse jeito." Por que será alguns eventos tem o potencial de me deixar tão pra baixo?

     Mas a conclusão que cheguei hoje, agora a pouco, caminhando para casa e pensando no que dizer amanhã no telefonema que darei a dela, é de que a honestidade e a humildade serão a melhor política. Eu poderia adotar uma postura totalmente defensiva ou até mesmo agressiva (que às vezes ocorre quando no fundo eu sei que tenho minha parcela de culpa)e assim, passaria a perder ainda mais o respeito. Ao contrário disso prefiro fazer algo mais honrável: admitir minha parcela no erro. Humildade abre caminhos, derruba e constroi muros, baixa a guarda, quebra o gelo, quebra preconceitos e expectativas erradas. Talvez esteja faltando um pouco e é claro que não me agrada reconhecê-lo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

DRAMA DE FIM DE SEMESTRE...


     De volta nesse universo. Férias escolares começando = minhas férias do blog terminando. Não vou dizer que estou feliz da vida hoje. Foi uma última semana de finalizar atividades e finalizar atividades e semestres letivos significa vir com aquela notícia temida por muitos. A notícia de que terão que repetir de nível. Tenho me sentido um pouco oprimida pelo peso e a pressão que os alunos transferem ao fato de passar ou não passar.
    Afinal de contas por que é tão dramático ter que repetir o nível na escola? Tantas coisas que eu precisei e preciso praticar mais do que a maioria dos mortais. Precisei fazer um segundo teste psicotécnico, teste teórico e teste prático para hoje poder dirigir, preciso ver um filme como "Efeito Borboleta" mais de uma vez para entender, tantas e tantas coisas que não tiramos de letra de primeira. No entanto, na última semana tenho enfrentado olhos marejados de alunos frustrados, telefonemas de pais intrigados ou meio inconformados que facilmente me põe pra baixo. Comentei com meus colegas que profissões do tipo médico que precisa comunicar ao paciente que ele tem pouco tempo de vida não poderiam nunca chegar nem perto das minhas opções de carreira.